Exatamente um mês após sua eleição, em 13 de março, o papa Francisco constituiu ontem um grupo de oito cardeais para aconselhá-lo no governo da Igreja e para fazer um projeto de revisão da Constituição Apostólica Pastor Bonus (Bom Pastor), sobre a Cúria Romana, promulgada em 1988 por João Paulo II.
Segundo comunicado da Secretaria de Estado da Santa Sé, a criação do grupo de conselheiros atende a sugestões do Colégio Cardinalício apresentadas nas Congregações Gerais e nas reuniões preparatórias do conclave que elegeu o argentino Jorge Mário Bergoglio.
O grupo é formado pelos cardeais Giuseppe Bertello, presidente do Governo do Estado da Cidade do Vaticano; Francisco Javier Errazuriz Ossa, arcebispo emérito de Santiago do Chile; Oswald Gracias, arcebispo de Mumbai (Índia); Reinhard Marx, arcebispo de Munique e Fresinga (Alemanha); Laurent Monsengwo Pasinya, arcebispo de Kinshasa (República Democrática do Congo); Sean Patrick O'Malley; arcebispo de Boston (EUA); George Pell, arcebispo de Sidney (Austrália) e Oscar Andrés Rodríguez Maradiaga, arcebispo de Tegucigalpa (Honduras).
Nenhum dos nomeados é membro do governo central da Igreja, a Cúria Romana, que será reformada com a revisão da Constituição Apostólica Pastor Bonus (Bom Pastor).
Pluralidade. O grupo reúne cardeais de diferentes tendências. O cardeal Maradiaga, de 70 anos, presidente da Caritas Internacional, que terá a função de coordenador, é um dos membros mais avançados do Colégio Cardinalício. O arcebispo emérito de Santiago, Francisco Javier Errazuriz, ex-presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam), é um conservador.
O diretor da Sala de Imprensa e porta-voz da Santa Sé, padre Federico Lombardi, esclareceu que o grupo, convocado para aconselhar, não substitui a Cúria Romana, cujos membros, estáveis e permanentes, ajudam o papa a governar a Igreja. "Parece-me importante ressaltar isso, a fim de evitar discursos não pertinentes de colocar em segundo plano os serviços da Cúria ou a diminuição de suas responsabilidades", disse o porta-voz.
Embora a Cúria Romana continue "com todas as suas competências e com todas as suas responsabilidades", segundo Lombardi, o papa Francisco terá contatos com os cardeais do grupo de conselheiros antes da primeira reunião coletiva, marcada para o início de outubro.
Lombardi disse que Francisco está fazendo "seu trabalho de conhecimento da Cúria Romana" e que estão previstas audiências com os prefeitos das Congregações e de outros organismos do Vaticano. Na sexta-feira, o papa visitou a Secretaria de Estado e conversou durante 50 minutos com seus funcionários. Presidida pelo cardeal Tarcisio Bertone, a Secretaria de Estado deve ser uma das primeiras a ter alterações. A reforma da Cúria foi um dos temas mais discutidos nas reuniões pré-conclave.
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