© Dainis Matisons
Conheça o significado que a cruz tinha antes da vinda de Jesus e como ela foi adquirindo a conotação cristã que conhecemos hoje
“Quem quiser ser meu discípulo, tome sua cruz de cada dia e me siga” (Mt 16,24; Lc 9,23; Mc 8,34; 10,21). A cruz é o melhor símbolo do estilo de vida que Cristo nos ensinou.
São Paulo resumia o Evangelho como a pregação da cruz (1 Cor 1, 17-18). Por isso, o Santo Padre e os grandes missionários pregam o Evangelho com o crucifixo na mão: “Os judeus pedem milagres, os gregos reclamam a sabedoria; mas nós pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos; mas, para os eleitos – quer judeus, quer gregos –, força de Deus e sabedoria de Deus” (1 Cor 1, 22-24).
Uso pré-cristão da cruz como símbolo
Em quase todos os lugares do mundo antigo, foram encontramos vários objetos, que datam de períodos muito anteriores à era cristã, marcados com cruzes de diferentes estilos.
O uso da cruz como símbolo religioso em tempos anteriores ao cristianismo e entre povos não cristãos pode ser considerado quase universal e, em inúmeros casos, estava relacionado a alguma forma de adoração da natureza.
É um fato inquestionável que, em épocas muito anteriores ao nascimento de Cristo, e desde então em terras não tocadas pelos ensinamentos da Igreja, a cruz foi usada como símbolo sagrado.
Uma das representações mais antigas é a suástica ou cruz gamada, que, em diversas religiões, em especial no hinduísmo, simboliza o fogo ou o sol (por sua rotação diária), bem como o relâmpago.
Outro símbolo relacionado à cruz é o anjkh egípcio, símbolo da vida, que posteriormente foi adotado pelos cristãos coptas no Egito, talvez fundindo seus significados.
Na Idade do Bronze, surgiu na Europa, em diversos objetos, umacruz parecida à latina, talvez com fins não somente ornamentais, mas também religiosos, dado que era frequente nos cemitérios e lugares sagrados.
Tempos modernos
Na cristandade, a cruz representa a vitória de Cristo sobre a morte e sobre o pecado, já que, segundo suas crenças, graças à cruz Ele venceu a morte em si mesma e resgatou a humanidade da condenação.
Os católicos, ortodoxos e coptas fazem o sinal da cruz, movimentando sua mão direita e desenhando uma cruz sobre eles mesmos, para iniciar suas orações e ritos cotidianos. O sinal da cruzjá era uma prática comum dos cristãos na época de Santo Agostinho (século V).
Os bispos católicos, ortodoxos e anglicanos assinam seus documentos antepondo uma cruz (+) aos seus nomes.
A cruz é o símbolo radical, primordial para os cristãos: um dos poucos símbolos universais, comuns a todas as confissões.
Durante os três primeiros séculos, parece que não se representou plasticamente a cruz: preferiam as figuras do pastor, do peixe, da âncora e da pomba.
Foi no século IV quando a cruz se tornou, pouco a pouco, o símbolo predileto para representar Cristo e seu mistério de salvação.
Desde o sonho do imperador Constantino, em 312 ("In hoc signo vinces”, “com este sinal vencerás”), que precedeu sua vitória na Ponte Mílvia, e a descoberta da verdadeira cruz de Cristo, em Jerusalém, no ano 326, pela mãe do mesmo imperador (Helena), a atenção dos cristãos com relação à cruz foi crescendo.
A festa da Exaltação da Santa Cruz, que celebramos no dia 14 de setembro, já era conhecida no Oriente desde o século V, e em Roma pelo menos desde o século VII.
As primeiras representações pictóricas ou esculturais da cruzmostram um Cristo glorioso, com uma longa túnica e uma coroa real: está na cruz, mas é o vencedor, o Ressuscitado.
Só mais tarde, com a espiritualidade da Idade Média, Cristocomeçou a ser representado em seu estado de sofrimento e dor.
Atualmente, a cruz é um símbolo muito repetido em suas variadas formas:
- A cruz que preside a celebração, sobre o altar ou perto dele.
- A cruz da procissão que encabeça o rito de entrada nas ocasiões mais solenes.
- As cruzes que colocamos em nossas casas.
- A cruz peitoral dos bispos e o báculo pastoral do papa. Basta recordar o magnífico báculo de João Paulo II, em forma de cruz, herdado de Paulo VI.
- As cruzes penitenciais que os “nazarenos” usam sobre as costas nas procissões da Semana Santa.
- A cruz como enfeite e até como joia, que muitas pessoas usam como pingente.
- As variadas formas de “sinal da cruz” que traçamos sobre as pessoas e as coisas (em forma de bênção) ou sobre nós mesmos, em momentos tão significativos, como o início da Missa ou o rito do Batismo.
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