18 de abril de 2016

“Crescer na confiança enfrentando as tribulações” (Jó 1,20)




O tema que me foi dado para esta pregação sugere que as tribulações da vida nos ajudam a crescer na confiança em Deus, nos fortalecem espiritualmente; quando as vivemos na fé. São Paulo diz a São Timóteo: “Pois Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de amor e de sabedoria.”

O dom infuso do Espírito Santo, a Fortaleza, que recebemos no Batismo, é a força divina para vencermos as tribulações que o pecado gerou no mundo e que atinge a todos nós. São Paulo então, recomenda que não sejamos “tímidos” diante das tribulações, mas que as encaremos com “amor e sabedoria”, que Deus nos dá. Ele diz que “em todas essas coisas, somos mais que vencedores pela virtude daquele que nos amou”. (Rom 8, 37). “Nos gloriamos até das tribulações. Pois sabemos que a tribulação produz a paciência, a paciência prova a fidelidade e a fidelidade, comprovada, produz a esperança. E a esperança não engana. Porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.” (Rom 5,3-5).

O Apóstolo diz que Deus nos conforta em nossas aflições para que nós também possamos consolar os que sofrem ao nossa lado: “Bendito seja Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias, Deus de toda a consolação, que nos conforta em todas as nossas tribulações, para que, pela consolação com que nós mesmos somos consolados por Deus, possamos consolar os que estão em qualquer angústia!” (1 Cor 1,3-4).

São Paulo nos lembra que trazemos em nós o tesouro da graça de Deus, a Santíssima Trindade habita em nossa alma sem pecado, mas trazemos este tesouro em vaso que se quebra facilmente: “Porém, temos este tesouro em vasos de barro, para que transpareça claramente que este poder extraordinário provém de Deus e não de nós… Trazemos sempre em nosso corpo os traços da morte de Jesus para que também a vida de Jesus se manifeste em nosso corpo.” (2 Cor 4,7-10).

Para vencer as tribulações é preciso contar com força de Deus, porque muitas vezes elas vêm do maligno, e sozinhos não podemos vence-las. São Pedro recomenda: “Lançai sobre Ele todas as vossas preocupações, porque Ele tem cuidado de vós. Sede sóbrios e vigiai. Vosso adversário, o demônio, anda ao redor de vós como o leão que ruge, buscando a quem devorar. Resisti-lhe fortes na fé.” (1 Pe 5,7s). “O Deus da paz em breve não tardará a esmagar Satanás debaixo dos vossos pés. A graça de nosso Senhor Jesus Cristo esteja convosco!” (Rom 16,20).

E São Pedro diz que com perseverança venceremos as tribulações na paciência: “Vós sabeis que os vossos irmãos, que estão espalhados pelo mundo, sofrem os mesmos padecimentos que vós. O Deus de toda graça, que vos chamou em Cristo à sua eterna glória, depois que tiverdes padecido um pouco, vos aperfeiçoará, vos tornará inabaláveis, vos fortificará.” (1 Pe 5,7-10).

Não podemos desanimar. A Carta aos hebreus nos diz: “Meu justo viverá da fé. Porém, se ele desfalecer, meu coração já não se agradará dele (Hab 2,3s). Não somos, absolutamente, de perder o ânimo para nossa ruína; somos de manter a fé, para nossa salvação!” (Heb 10,39).

São Paulo mostra que jamais Deus nos abandona no meio das tribulações: “Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação? A angústia? A perseguição? A fome? A nudez? O perigo? A espada?.

Mas, em todas essas coisas, somos mais que vencedores pela virtude daquele que nos amou. Pois estou persuadido de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem o presente, nem o futuro, nem as potestades, nem as alturas, nem os abismos, nem outra qualquer criatura nos poderá apartar do amor que Deus nos testemunha em Cristo Jesus, nosso Senhor”. (Rom 8,35-39)

Jesus quer que confiemos nele plenamente. Deus tudo controla pela Providência divina; nada escapa de Seus olhos: “Não se vendem dois passarinhos por um asse? No entanto, nenhum cai por terra sem a vontade de vosso Pai. Até os cabelos de vossa cabeça estão todos contados. Não temais, pois! Bem mais que os pássaros valeis vós’ (Mt 10,30-31.

Sabemos que o sofrimento e as tribulações não são castigos de Deus, são fruto do pecado da humanidade. Mas Deus transformou o sofrimento em matéria prima de salvação com a Paixão de Cristo. “O salário do pecado é a morte” (Rom 6,23). Não foi Deus quem criou a morte: “Ora, foi para a imortalidade que Deus criou o homem, o fez a imagem da sua própria natureza. É por inveja do demônio que a morte entrou no mundo, e os que pertencem ao demônio prova-la-ao.” (Sab 2,23-24). 

Cristo a venceu por Sua morte e ressurreição: “A morte foi tragada pela vitória (Is 25,8). Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão (Os 13,14)? Ora, o aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei.” (1 Cor 15,55-56).

Deus sabe usar de todos os nossos sofrimentos para a nossa santificação e salvação: “Eu repreendo e castigo aqueles que amo. Reanima, pois, o teu zelo e arrepende-te.” (Ap 3,19). A Carta aos hebreus explica isso maravilhosamente:

“Ainda não tendes resistido até o sangue, na luta contra o pecado. Estais esquecidos da palavra de animação que vos é dirigida como a filhos: Filho meu, não desprezes a correção do Senhor. Não desanimes, quando repreendido por ele; pois o Senhor corrige a quem ama e castiga todo aquele que reconhece por seu filho (Pr 3,11s). Estais sendo provados para a vossa correção: é Deus que vos trata como filhos. Ora, qual é o filho a quem seu pai não corrige? Mas se permanecêsseis sem a correção que é comum a todos, seríeis bastardos e não filhos legítimos. Aliás, temos na terra nossos pais que nos corrigem e, no entanto, os olhamos com respeito. Com quanto mais razão nos havemos de submeter ao Pai de nossas almas, o qual nos dará a vida? Os primeiros nos educaram para pouco tempo, segundo a sua própria conveniência, ao passo que este o faz para nosso bem, para nos comunicar sua santidade.” (Heb 12,4-10).

O livro do Eclesiástico ensina que no serviço de Deus é preciso saber sofrer, com fé e paciência, aceitando a provação sem se perturbar, certo de que ela nos fortalece: “Meu filho, se entrares para o serviço de Deus, permanece firme na justiça e no temor, e prepara a tua alma para a provação; humilha teu coração, espera com paciência, dá ouvidos e acolhe as palavras de sabedoria; não te perturbes no tempo da infelicidade, sofre as demoras de Deus; dedica-te a Deus, espera com paciência, a fim de que no derradeiro momento tua vida se enriqueça. Aceita tudo o que te acontecer.

Na dor, permanece firme; na humilhação, tem paciência. Pois é pelo fogo que se experimentam o ouro e a prata, e os homens agradáveis a Deus, pelo cadinho da humilhação. Põe tua confiança em Deus e ele te salvará; orienta bem o teu caminho e espera nele. Conserva o temor dele até na velhice.” (Eclo 2,1-10).

E Deus nos quer sempre alegres, mesmo na dor, com a Sua graça:

“Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito: alegrai-vos! Seja conhecida de todos os homens a vossa bondade. O Senhor está próximo. Não vos inquieteis com nada! Em todas as circunstâncias apresentai a Deus as vossas preocupações, mediante a oração, as súplicas e a ação de graças. E a paz de Deus, que excede toda a inteligência, haverá de guardar vossos corações e vossos pensamentos, em Cristo Jesus.” (Fil 4,4-7).

“Vivei sempre contentes. Orai sem cessar. Em todas as circunstâncias, dai graças, porque esta é a vosso respeito a vontade de Deus em Jesus Cristo.” (1 Ts 5,16-18).

A melhor maneira de sofrer é oferecer o sofrimento a Deus para a salvação do mundo: “Completo na minha carne o que falta a paixão de Cristo no seu corpo que é a Igreja” (Col 1,24). Quando unimos o nosso sofrimento ao de Cristo, ele se torna divinizado e salva o mundo. Jesus quis contar com nossa ajuda para salvar a humanidade. Por isso, São Paulo diz que se “gloriava nas tribulações” (Rom 5,3), porque elas tem um “peso enorme de glória para nós” (2 Cor 4,17).

Vivendo assim, ganharemos o céu: “Tenho para mim que os sofrimentos da presente vida não têm proporção alguma com a glória futura que nos deve ser manifestada.” (Rom 8,18).

Então, não tenhamos medo da Cruz; renunciemos a nós mesmos, tomemos a nossa cruz de cada dia e sigamos Jesus (cf. Lc 9,23), sem olhar para traz. É perdendo a vida que se a encontra. Se o grão de trigo não cair na terra e não morrer não dá frutos, disse Jesus.

Prof. Felipe Aquino

Fonte: cleofas.com.br

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