Na Missa desta sexta-feira, 15, o Papa Francisco explica por que Deus permite humilhações e como superá-las.
“A um coração duro, que decide se abrir com ‘docilidade’ ao seu
Espírito, Deus dá sempre a graça e a ‘dignidade’ de se erguer, se
necessário, até com a humilhação”. Foi a afirmação feita pelo Papa
Francisco na missa desta sexta-feira, 15, na Casa Santa Marta.
O Santo Padre refletiu sobre o trecho bíblico da conversão de Paulo
de Tarso (cf. At 9,1-20), um homem firme na fidelidade aos princípios de
sua fé, mas com o ‘coração fechado’, totalmente surdo a Cristo, que
concordava em exterminar seus seguidores a ponto de autorizar a
acorrentar aqueles que viviam em Damasco.
“Zelar pelas coisas sagradas não significa ter um coração aberto a Deus”, enfatizou o Papa.
Humilhação que toca o coração
Tudo se reverte justamente no caminho que o leva a esta meta; e a de
Paulo se torna a “história de um homem que deixa que Deus mude o
coração”. Paulo é envolvido por uma luz potente, sente uma voz que o
chama, cai e fica momentaneamente cego. “Saulo o forte, o seguro, estava
no chão”, comentou Francisco. Naquela condição, sublinhou, “compreende a
sua verdade: não era um homem como Deus queria, porque Deus criou todos
nós para estarmos em pé, com a cabeça erguida”. Mas a voz do céu não
diz apenas “Por que me segues?”, mas o convida a se levantar:
“Levanta-te e te será dito, deves ainda aprender”. E quando começou a
se erguer, não conseguia e percebeu que estava cego: naquele momento
havia perdido a visão. ‘E se deixou guiar’: o coração começou a se
abrir. Assim, levando-o pela mão, os homens que estavam com ele o
conduziram a Damasco, aonde por três dias não pôde ver, não comeu e nem
bebeu. Este homem estava no chão, mas logo entendeu que deveria aceitar
esta humilhação. A humilhação é o caminho para abrir o coração. Quando o
Senhor nos envia humilhações ou permite que elas venham, é justamente
para isso: para que o coração se abra, seja dócil, se converta ao Senhor
Jesus”, explicou Francisco.
Espírito Santo protagonista
O coração de Paulo se derrete. O que muda, naqueles dias de solidão e
cegueira, é a sua vista interior. Depois, Deus lhe envia Ananias, que
lhe impõe as mãos e também os olhos de Saulo voltam a enxergar. Mas há
um aspecto desta dinâmica, afirmou o Papa, que deve ser ressaltado:
“Recordamos que o protagonista destas histórias não são nem os
doutores da lei, nem Estêvão, nem Filipe, nem o eunuco, nem Saulo… É o
Espírito Santo. O protagonista da Igreja é o Espírito Santo que conduz o
povo de Deus. E, imediatamente, caíram dos olhos de Saulo algo como que
escamas e ele recuperou a vista. Levantou-se e foi batizado. A dureza
do coração de Paulo – Saulo, Paulo – se transforma em docilidade ao
Espírito Santo”.
A dignidade de se reerguer
“É belo ver como Senhor é capaz de mudar os corações e fazer que um
coração duro, teimoso, se torne um coração dócil ao Espírito”, conclui
Francisco.
“Todos nós temos durezas no coração, todos nós. Se alguém de vocês
não têm, levante a mão, por favor. Peçamos ao Senhor que nos mostre que
estas durezas nos jogam no chão. Que nos envie a graça e também – se
necessário – as humilhações, para não ficarmos no chão, mas
levantarmo-nos, com a dignidade com a qual Deus nos criou, ou seja, com a
graça de um coração aberto e dócil ao Espírito Santo”.
Fonte: papa.cancaonova.com
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