João XXIII, em apenas quase cinco anos de pontificado (1958-1963), deixou fortes marcas na Igreja, e como sabemos, o ato mais expressivo do seu papado, foi a convocação e abertura do Concílio Ecumênico Vaticano II (1962-1965), que provocou como uma revolta em muitos, embasados no argumento do último Concílio Vaticano I, onde o Papa Pio IX e todos os presentes afirmaram o dogma da Infalibilidade Papal, ao qual afirma que o Papa em comunhão com o Sagrado Magistério, quando delibera e define (clarifica) solenemente algo em matéria de fé ou moral (os costumes), dizendo está sempre correto; isto porque, na clarificação solene e definitiva destas matérias, o Papa goza de assistência sobrenatural do Espírito Santo, que o preserva de todo o erro, portanto, acreditava-se que não haveria a necessidade de convocar um outro Concílio, porém ele também acreditava que a renovação da Igreja era necessária e fruto da atuação sobrenatural do Espírito Santo sobre a Igreja. Esta sua convicção e confiança na ação do Espírito Santo, ou seja, na Divina Providência, deu-lhe coragem e determinação em convocar o Concílio Vaticano II, cuja ideia ele afirmava ser uma inspiração súbita do Espírito Santo.
Roncalli escreveu três exortações apostólicas, das quais duas eram sobre o Concílio Vaticano II. E em 6 de janeiro de 1962, João XXIII escreve sua segunda exortação apostólica - Sacrae laudis, pedindo orações para o próximo concílio ecumênico – onde ele fala: "Não se deveria dizer que o concílio ecumênico, antes que um novo e grandioso pentecostes, quer ser uma verdadeira e nova Epifania?" . Como sabemos no dia 6 de janeiro a Igreja comemora a festa de Reis, e a Epifania do Senhor, que significa a Manifestação do Senhor, onde Deus se manifesta em Jesus, e foi uma forma de falar que Deus está se manifestando na Igreja através do concílio, que o Vaticano II é a Manifestação do Senhor na Igreja.
Já no ano seguinte, durante o concílio, o Papa fez mais uma exortação apostólica, chamada "Novem Per Dies", na qual solicita aos Bispos de todo o mundo fazer a Novena de Pentecostes em intenção do Concílio Vaticano II, e na mesma, diz: "O recolhimento universal da Igreja em suplicante expectativa do Espírito Santo nos nove dias que precedem a grande solenidade de Pentecostes renova no espírito comovido a recordação da trépida vigília do cenáculo, com a imagem dos apóstolos, unidos em confiante oração ao redor da Virgem santíssima: "Todos estes, unânimes, perseveravam na oração com algumas mulheres, entre as quais Maria, a mãe de Jesus, e com os irmãos dele" (At 1,14).". Mostrando mais uma vez a solicitude que oferecia ao Espírito Santo, e em seu coração havia uma certeza que esse concílio seria "como um novo Pentecostes […]; uma grande experiência espiritual que reconstituiria a Igreja Católica" não apenas como instituição, mas sim "como um movimento evangélico dinâmico […]; e uma conversa aberta entre os bispos de todo o mundo sobre como renovar o Catolicismo como estilo de vida inevitável e vital." Um Papa íntimo do Espírito que por obediência e ousadia, abriu as portas da Igreja para a grande manifestação grandiosa do Espírito de Deus.
João Paulo Silva de Lima (Missão Kairós Caruaru)
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