11 de agosto de 2014

Santa Clara de Assis, rogai por nós!


"Quão vivo é o poder desta luz e quão forte é o brilho desta fonte luminosa" (Papa Alexandre IV)

 

Nascida em 1193, Clara pertencia a uma família aristocrática e rica. Renunciou à nobreza e à riqueza para viver humilde e pobre, adotando a forma de vida que Francisco de Assis propunha. Apesar de seus parentes estarem planejando um matrimônio com uma personalidade de destaque, Clara, aos 18 anos, com um gesto ousado inspirado pelo profundo desejo de seguir a Cristo e pela admiração por Francisco, deixou a casa paterna e, em companhia de uma amiga, Bona di Guelfuccio, uniu-se secretamente aos frades menores junto à pequena Igreja da Porciúncula. Era a noite do Domingo de Ramos de 1211. Em meio à comoção geral, foi realizado um gesto altamente simbólico: enquanto seus companheiros tinham em mãos tochas acesas, Francisco cortou-lhe os cabelos e Clara recebeu um rude hábito penitencial. A partir daquele momento, tornou-se a virgem noiva de Cristo, humilde e pobre, e a Ele consagrava-se totalmente. Como Clara e suas companheiras, inúmeras mulheres ao longo da história foram fascinadas pelo amor de Cristo que, na beleza da sua Divina Pessoa, preenche os seus corações. E toda a Igreja, por meio da mística vocação nupcial das virgens consagradas, apresenta-se como o que será para sempre: a Esposa bela e pura de Cristo.

Clara fala de Cristo
"Amando-o, sereis casta, tocando-o, sereis mais pura, deixando-vos possuir por Ele, sereis virgem. O seu poder é mais forte, a sua generosidade mais elevada, o seu aspecto mais belo, o amor mais suave e toda a graça mais fina. Agora estais apertada pelo abraço dele, que tendes adornado o vosso peito por pedras preciosas (…)  e tendes vos coroado com uma coroa de ouro gravada com o sinal da santidade" (Primeira carta: FF, 2862). 

A espiritualidade de Santa Clara
A síntese da sua proposta de santidade é recolhida na quarta carta a Santa Inês de Praga. Santa Clara usa uma imagem muito difundida na Idade Média, de influência patrística, o espelho. E convida a sua amiga de Praga a refletir-se naquele espelho de perfeição de toda a virtude que é o Senhor mesmo. Ela escreve: "Feliz certamente aquele a quem é dado gosta desta sagrada união, para aderir com as profundezas do coração [a Cristo], aquele cuja beleza admiram incessantemente todas as abençoadas hostes do céu, cujo afeto apaixona, cuja contemplação restaura, cuja bondade sacia, cuja suavidade preenche, cuja memória resplandece suavemente, a cujo cheiro os mortos voltam à vida e a cuja visão gloriosa tornará abençoados todos os cidadãos da Jerusalém celeste. E porque ele é o esplendor da glória, candor da luz eterna e espelho sem mancha, olha todo dia para este espelho, ó rainha esposa de Jesus Cristo, e nele escruta continuamente o teu rosto, para que tu possas assim adornar-te toda no interior e no exterior (…) Neste espelho refulgem a abençoada pobreza, a santa humildade e a inefável caridade" (Lettera quarta: FF, 2901-2903). 

Sua canonização
Foi o Papa Alexandre IV que a canonizou apenas dois anos após sua morte, em 1255, traçando um elogio na Bula de canonização, em que lemos: "Quão vivo é o poder desta luz e quão forte é o brilho desta fonte luminosa. Na verdade, essa luz tinha-se enclausurado no escondimento da vida monástica e irradiava luzes cintilantes; recolhia-se em um mosteiro estreito, e expandia-se ao longo da vastidão do mundo. Mantinha-se dentro e difundia-se fora. Clara, de fato, escondia-se; mas a sua vida foi revelada a todos. Clara ficou em silêncio, mas sua fama gritava" (FF, 3284).

João Paulo II em visita às irmãs Clarissas de Assis
“Convido-as a rezar e é meu desejo que repitam em nossa época o milagre de São Francisco e de Santa Clara. Porque a moça, a jovem, a mulher contemporânea deve se encontrar neste esplêndido carisma; certamente escondido, realmente privado de exterioridades aparentes, mas quão profundo, quão feminino! Uma verdadeira esposa! Capaz de amor pleno e irrevogável para com um esposo invisível. É verdade que é invisível, mas, como é visível! Entre todos os esposos possíveis do mundo, é certo que Cristo é o Esposo mais visível de todos os visíveis; é sempre visível, mas permanece invisível e visível na alma consagrada a Deus. Não sabeis vós, escondidas, desconhecidas, quanto sois importantes para a vida da Igreja: quantos problemas, quantas coisas dependem de vós. É necessário a redescoberta daquele carisma, daquela vocação. Faz-se mister a redescoberta da legenda divina de Francisco e Clara”, João Paulo II em visita as Clarissas do Protomonastero de Santa Clara, quando ainda era pontífice. 

Bento XVI, catequese sobre Santa Clara
“também nos séculos da Idade Média, o papel das mulheres não era secundário, mas significativo. A esse respeito, deve-se salientar que Clara foi a primeira mulher na história da Igreja a compor uma Regra escrita, sujeita à aprovação do Papa, para que o carisma de Francisco de Assis fosse preservado em todas as comunidades femininas que se iam estabelecendo já nos seus tempos e que desejavam inspirar-se no exemplo de Francisco e Clara. (…) são os santos aqueles que alteram o mundo para melhor, transformam-no de modo duradouro, incorporando as energias que somente o amor inspirado pelo Evangelho pode suscitar. Os santos são os grandes benfeitores da humanidade!”, disse Bento XVI, 15 de setembro de 2010.


Visita do Papa Francisco ao túmulo de Santa Clara, em 4 de outubro de 2013:



Fonte : Vatican | Aleteia

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