Quando algum pressentimento ou uma forte tentação perturbam o nosso interior, logo concluímos: "coisa do demônio!". Mas quando temos uma boa inspiração ou sentimos uma forte inclinação a praticar a virtude, julgamos que isso decorre de nós mesmos e nos esquecemos dos grandes guardiães que Deus nos concedeu.
Numa madrugada fria, do rigoroso inferno da longínqua Rússia,
enquanto subia a encosta da montanha principal da região do Tykrapshol, o
trem Marie se desviou de sua rota normal e atrasou o horário de sua
chegada, deixando muitos em grande aflição. O que poderia ter
acontecido?
– Eu acredito e posso dar o meu testemunho. Foi um milagre! Um
milagre! – exclamava o maquinista do trem ao ser interrogado pelos seus
superiores.
Qual o motivo que o fez parar no meio do percurso? Todos estavam
surpresos e queriam saber o que tinha ocorrido, mas o condutor do trem
não parava de repetir a frase acima.
Que “milagre”seria esse? E que “testemunho” ele poderia dar?
Ao seguir pelos trilhos, em uma considerada velocidade, o maquinista,
Jorge Krash, viu diante do trem uma grande sombra que ofuscava o farol
esquerdo, parecendo fazer sinal para diminuir a velocidade e parar a
máquina. O senhor Krash julgou que estava tendo alguma falsa impressão e
que as altas horas da noite estavam influenciando e despertando sua
imaginação. Prosseguiu o percurso como se nada tivesse acontecido.
Minutos depois, a mesma sombra apareceu novamente, fazendo sinais
ainda mais rápidos. Isso se repetiu por mais três vezes. Não podendo
mais conter-se, viu que não poderia ser apenas imaginação e começou a
diminuir a marcha até o trem parar. Todos os passageiros, assustados com
a repentina parada, correram às janelas para ver o que tinha se
passado. Para sua surpresa constatou que a “grande sombra” era produzida
pelas frágeis asas de uma borboleta…
Depois de certificar-se que era só isso que estava acontecendo, o
maquinista subiu novamente no vagão para recomeçar o caminho. Enquanto
acionava os botões de partida, um dos passageiros deu um forte grito:
– Alto! Não avance, se não morremos todos!
Esse passageiro pôde de sua janela avistar uma grande pedra que havia
se despregado da montanha e obstruía a passagem pelos trilhos. Nesse
momento, todos compreenderam que aquela repentina parada tinha sido uma
intervenção da Divina Providência. Se o trem tivesse continuado com a
velocidade anterior, teria batido fortemente contra a pedra, ocasionando
um grave acidente, uma explosão e, consequentemente, a morte de todos
os passageiros.
O senhor Krash, convicto da proteção de seu anjo da guarda, o qual
sempre invocava antes de suas viagens, confirmou que o motivo que o
fizera parar, tinha sido a sombra de uma borboleta posta ali para
salvá-los.
Essa é uma bela história que, embora ilustrada, pode explicar vários fatos do nosso dia-a-dia
Muitas vezes, quando algum pressentimento ou uma forte tentação
perturbam o nosso interior, logo concluímos: “coisa do demônio!”.
Entretanto, quando temos uma boa inspiração, praticamos uma bela ação ou
sentimos uma forte inclinação a praticar a virtude, julgamos que isso
decorre de nós mesmos e nos esquecemos dos grandes guardiães que Deus
nos concedeu com a missão de nos guiar desde o momento da nossa
concepção até a Vida Eterna. Na Epístola aos Hebreus, encontramos que
todos os anjos são espíritos a serviço de Deus, o qual lhes confia
missões em favor dos herdeiros da salvação eterna (cf. Hb 1,14).
Ao longo da História, podemos comprovar como a Divina Providência
quer a salvação de cada um dos homens e como Ela age para comunicar e
realizar seu plano para humanidade. Por isso, Deus utiliza-se de
criaturas como instrumento e envia seus Anjos que, como mensageiros
celestes, executam Sua vontade e se relacionam com os homens. Como diz
São João da Cruz: “Os anjos, além de levar a Deus notícias de nós,
trazem os auxílios divinos para nossas almas e as apascentam como bons
pastores […] amparando-nos e defendendo-nos dos lobos, os demônios”.1
Os seres angélicos são puros espíritos dotados de personalidade, de
inteligência e de vontade, de poder superior aos dos homens e que servem
a Deus de um modo mais próximo e estável. O Catecismo nos ensina que
“Jesus anuncia em termos graves que ‘enviará seus anjos, e eles
erradicarão de seu Reino todos os escândalos e os que praticam a
iniquidade, e os lançarão na fornalha ardente’ (Mt 13, 4 1-42) de
punição dos condenados, a qual é eterna e durará para sempre” (CCE
1034). Sendo essas criaturas mais perfeitas – o espiritual é maior do
que o material – a Providência criou esses serem em maior quantidade que
os homens e que toda e qualquer criatura material: “Milhares de
milhares O serviam e centenas de milhares assistiam ante seu trono” (Dn
7,10).
Assim, os Anjos, mais especialmente o nosso Anjo da Guarda, estão
sempre ao nosso lado e, como que, nos olham do Céu aguardando que
busquemos o auxílio deles e os convoquemos para estarem entre nós.
Saibamos, pois, recorrer a esses intercessores celestes nesta grande
batalha do homem que é a face da Terra, até chegarmos um dia, pela
misericórdia Divina e a intercessão de Maria Santíssima com sua Corte
Angélica, à Vida Eterna.
Por Irmã Mariella Antunes, EP
(Do Instituto Filosófico e Teológico Santa Escolástica – IFTE)
(Do Instituto Filosófico e Teológico Santa Escolástica – IFTE)
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1 SÃO JOÃO DA CRUZ. In: Revista Arautos do Evangelho, n. 58, p. 35.
(via Gaudium Press)
Fonte: Aleteia.org
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