“As Misericórdias do Senhor são a
causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; A
Misericórdia do Senhor se renova a cada manhã; grande é a sua fidelidade. A
minha porção é o Senhor, diz a minha alma; portanto esperarei N'Ele.”
(Lamentações 3, 22-24)
O que seria de nós se não fosse a
Infinita Misericórdia do Senhor? Estaríamos perdidos! Porque se a Bíblia que o
mais justo peca sete vezes, indicando um número simbólico que representa
infinidade, imagine os que não são tão justos... Por isso, é a Misericórdia de
Jesus a causa de não perecermos. A Misericórdia de Jesus não pode ser entendida
como uma devoção a parte, algo separado da Cruz, não, pois estaríamos blefando,
e cometendo o maior erro de nossas vidas, pois, a Misericórdia de Jesus é antes
de tudo o Seu Sacrifício de Amor na Cruz, quando entregou-se para a morte por
amor a todos os homens, bons ou maus, justos e injustos, fortes ou fracos. O
sacrifício de Jesus na Cruz remiu todos os homens, Jesus pagou por todos nós
uma dívida que antes nos submetia ao inferno. Por Suas Chagas fomos curados,
pesou sobre Ele o castigo que nos trouxe a Paz.
“Era desprezado, era a escória da
humanidade, homem das dores, experimentado nos sofrimentos; como aqueles,
diante dos quais se cobre o rosto, era amaldiçoado e não fazíamos caso dele. Em
verdade, ele tomou sobre si nossas enfermidades, e carregou os nossos
sofrimentos: e nós o reputávamos como um castigado, ferido por Deus e
humilhado. Mas ele foi castigado por nossos crimes, e esmagado por nossas
iniqüidades; o castigo que nos salva pesou sobre ele; fomos curados graças às
suas chagas. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, seguíamos cada qual
nosso caminho; o Senhor fazia recair sobre ele o castigo das faltas de todos
nós. Foi maltratado e resignou-se; não abriu a boca, como um cordeiro que se
conduz ao matadouro, e uma ovelha muda nas mãos do tosquiador. (Isaías 53, 3-8).
Essa é a Misericórdia do Pai... O
amor de Jesus na Cruz, amor esse que nos salvou! Não podemos entender a
Misericórdia separada da Cruz; quando celebramos e festejamos a Misericórdia de
Jesus, oito dias depois da celebração da Ressurreição, estamos louvando pelo
Sacrifício de Jesus na Cruz: A nossa Salvação! A escolha do primeiro Domingo
depois da Páscoa para celebrar a Misericórdia tem um profundo sentindo
Teológico ao confirmar a estreita união que existe entre o mistério Páscal da
Redenção e o mistério da Misericórdia de Deus. O sentido é tão estreito que
para mim não há distância, pois a Misericórdia é uma contínua expressão do amor
de Jesus Crucificado. Foi isso que Jesus disse nas aparições à Santa Faustina:
“Nesse dia, estão abertas as entranhas da minha Misericórdia; derramo todo um
mar de Graças sobre as almas que se aproximam da minha Misericórdia.” (Diário
S. Faustina 699). O Lado aberto de Jesus lá na Cruz continua a derramar a
Misericórdia sobre os homens e mulheres que O buscam; que se aproximam da
fonte, ou seja, que se aproximam dos pés da Cruz de Jesus. É da Cruz que jorra
a Água da Misericórdia e o Sangue da Redenção. Como Aquele soldado que se
converteu ao ser molhado pelos líquidos santos que jorraram do coração de
Jesus, após ele mesmo o ferir com a lança... Sim, somos nós como aquele
soldado, São Dimas, que mesmo ferindo Jesus com nossos pecados, mas por
estarmos aos pés da Cruz, somos alcançados pelos raios e pela Água que jorra do
Coração de Jesus. Achei lindo quando li que Santa Faustina disse: “Essa festa
não é apenas um dia, mas um Tempo de Graça!” Confirmando que nosso Carisma é de
Misericórdia, de compaixão. Nosso Carisma também é amar!
Jorge Gomes de Azevedo - Fundador da Comunidade Kairós
0 comentários:
Postar um comentário