Você tem 3 armas poderosas para isso
Constatada a presença de males maléficos, é sempre uma boa atitude
reforçar os próprios gestos e orações, invocando para nós ou para a
pessoa atingida uma intercessão. Três são, entre todos os indicados
possíveis, aqueles que poderiam ser definidos como intercessores
necessários: o Espírito Santo, o nome de Jesus e Maria Santíssima.
A propósito da Virgem Maria, convém tornar presente um aspecto que
não é secundário. Se tudo foi criado em vista de Cristo, pois já nos
planos de Deus estava a encarnação do Verbo (quiçá como Triunfador e não
como Salvador que deveria sofrer, porém já como Triunfador e centro do
criado), o segundo ser pensado por Deus após o primeiro, que é a
encarnação do Verbo, não podia ser outro senão aquele em que o Verbo de
Deus, a segunda pessoa da Santíssima Trindade, se encarnaria.
A partir do momento em que, após o pecado de Adão, a encarnação de
Cristo assumiu esta fisionomia particular, pela qual Jesus veio como
Salvador e Redentor, também Maria, Sua mãe, foi associada a este
desempenho, sendo isenta da culpa original em vista dos méritos de
Cristo. Dado que também Maria é uma criatura humana, que faz parte da
estirpe de Adão, estaria sujeita à culpa original, se tão tivesse sido
isenta preventivamente, em vista da redenção de Cristo.
Além disso, Maria não é somente mãe do Redentor, mas também
colaborador em Sua obra redentora; não é por acaso que Imaculada é
representada pelos pintores e escultores no ato de esmagar a cabeça da
serpente, imagem do Demônio. Com maior razão, trata-se, pois, de uma
intercessora poderosa.
A seguir, na ordem celeste, são certamente intercessores valiosos os
arcanjos e anjos, que sempre intervêm com suas legiões na luta contra o
Maligno; em razão disso, basta pensar no livro do Apocalipse, onde é
relatada uma batalha no céu: Miguel e seus anjos contra Satanás e seus
anjos rebeldes, que foram derrotados pelo arcanjo e precipitados ao
Inferno.
“Houve uma batalha no céu. Miguel e seus anjos tiveram de combater o
Dragão. O Dragão e seus anjos travaram combate, mas não prevaleceram. E
já não houve lugar no céu para eles. Foi então precipitado o grande
Dragão, a primitiva Serpente, chamado Demônio e Satanás, o sedutor do
mundo inteiro. Foi precipitado na terra, e com ele os seus anjos”. (Ap
12,7-9).
Esta é a razão pela qual se costuma invocar Miguel arcanjo, na
qualidade de chefe das fileiras angelicais; a seu lado, invoco sempre
também os anjos da guarda de todos os presentes, entre os quais,
obviamente, não falta jamais São Gabriel arcanjo, que é meu padroeiro.
Fala-se com frequência de São Bento como patrono dos exorcistas,
quando, na realidade, não está provado historicamente que o Papa Honório
III o tenha nomeado como tal. Porém, a partir do momento em que não há
um patrono oficial, nós o invocamos, pois, com certeza, era fortíssimo
na luta contra o Demônio. São Bento era monge, talvez sequer sacerdote, e
por certo não era exorcista; a razão desta identificação está no fato
de que ele foi um grandíssimo santo e demonstrou uma grande força contra
o Demônio, dado que frequentemente o expulsava. Sua medalha tem
particularmente uma notável eficácia, contendo muitas frases contra o
maligno.
Quanto ao que diz respeito aos santos, todo exorcista invoca aqueles
dos quais é pessoalmente mais devoto ou dos quais é mais devota a pessoa
que é exorcizada.
Para melhor entender, um exemplo prático: meu caro colega, decano dos
exorcistas italianos, que exerce o ministério há 46 anos, padre
Cipriano de Meo, vice-postulador na causa de beatificação de um coirmão
capuchinho, de nome padre Mateus, é devotíssimo dele e, quando o invoca,
obtém grande eficácia, ao passo que quando eu o invoco não se sucede o
mesmo, porque eu não tenho a mesma devoção de padre Cipriano. Portanto,
pode-se dizer que não existem santos que tenham uma força especial
contra o Demônio; certamente, como tais, todos os santos a possuem, mas
nós invocamos aqueles de quem somos mais devotos.
Afinal, há muitos casos de santos atormentados pelo Demônio. Entre os
mais emblemáticos, especialmente por se tratar de um acontecimento
bastante recente, está o da irmã carmelita que passou a ser chama
Pequena Árabe: com efeito, irmã Maria de Jesus Crucificado, várias vezes
no decurso de sua vida, sofreu verdadeira e própria possessão diabólica
e teve necessidade de ser exorcizada para obter a libertação. Por outro
lado, conhecemos vários casos de santos – tais como São João Bosco, o
Santo Cura d’Ars, padre Pio, Santa Gemma Galgani, Santa Ângela de
Foligno, Dom Calábria, e poderiam ser citados muitos outros numa lista
sem fim- que tiveram vexações diabólicas, das quais foram libertos
sozinhos, graças à oração e aos sacramentos.
A questão fundamental a ser salientada está em que a Bíblia jamais
nos diz para ter medo do Demônio, porque nos garante que podemos e
devemos resistir-lhe, fortes na fé. Antes, a Bíblia nos diz que devemos
temer o pecado, sendo que todos os santos o combateram. Combatendo o
pecado, combate-se o Demônio, como dizia Paulo VI ao ser interrogado, em
seu famoso discurso de 15 de novembro de 1972, sobre o Demônio, a
propósito de como se devia fazer para impugnar o Maligno: “Tudo o quanto
nos defende do pecado, defende-nos de Satanás”. Nós devemos ter medo
somente de não estar na graça de Deus, o que significa confessar-se,
participar da Santa Missa, receber a comunhão e, além disso, fazer
adoração eucarística e rezar, especialmente com os salmos e o rosário;
todos estes são, entre outros, os melhores remédios contra a atividade
extraordinária do Demônio: se permanecermos na graça de Deus, estamos
blindados. Especialmente porque o Demônio tem muito mais interessem em
possuir almas, ou seja, fazê-las cair no pecado, do que em provocar
distúrbios, os quais, como vimos e vemos nos santos, em última instância
obtêm somente o resultado de santificar. Com efeito, os santos oferecem
os seus sofrimentos a Deus a tal ponto que um grande santo, como São
João Crisóstomo, afirma que o Demônio, malgrado seu, é um santificador
das almas, porque é um derrotado e porque busca sofrimentos nestas
pessoas santas, que sabem oferece-los ao Senhor e, portanto, sabem fazer
deles um meio de santificação.
(Amorth, Gabriele. Vade Retro Santanás. Trad. Alda da Anunciação Machado. Ed.Canção Nova: São Paulo, SP.1ª edição.pp.61-65).
Fonte: Aleteia.Org
Foto: Alex Malikov
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