"Todo aquele que com ele morrer, não padecerá a perdição no fogo eterno. Ele é sinal de salvação, defesa nos perigos, aliança de paz e pacto sempiterno"
Descrição física
O escapulário consiste em dois pedaços de pano marrom, unidos entre
si por um cordão. Um pedaço de pano traz a estampa de Nossa Senhora do
Carmo e o outro a do Sagrado Coração de Jesus, ou o emblema da Ordem do
Carmo. É uma miniatura do hábito carmelita; por isso mesmo, é uma veste.
Nome
A palavra latina “scàpula” significa ombro. O objeto de
devoção acabou ficando popularmente conhecido como “escapulário” porque é
colocado sobre os ombros. O escapulário também é conhecido como
“bentinho do Carmo”.
Significado
Para os religiosos carmelitas, é símbolo de consagração religiosa na
Ordem de Nossa Senhora do Carmo. Para os fiéis leigos, para o povo, é
símbolo de devoção e afeto para com a mesma Senhora do Carmo. O
escapulário é, em suma, um sinal externo de devoção mariana e de
consagração pessoal à Santíssima Virgem Maria. É um sacramental, ou
seja, um sinal sagrado, segundo o modelo dos sacramentos, por meio do
qual se simbolizam efeitos espirituais obtidos pela intercessão da
Igreja (cf. SC 60).
Muitas pessoas usam o escapulário como um “amuleto”, algo “mágico”
que “dá sorte”, que livra de “mau olhado” ou coisa semelhante. Ou
simplesmente por modismo. Esses mesmos desvios acontecem com o uso de
cruzes, medalhas, terços… O verdadeiro sentido de se usarem objetos de
devoção deve brotar da consciência e do coração daquele que os usa,
conhecendo o seu verdadeiro significado e escolhendo livremente
sinalizar algo que existe em seu íntimo, em sua fé, em seus propósitos e
em sua conversão.
História
No século XI, um grupo de homens dispostos a seguir Jesus Cristo se
reuniu no Monte Carmelo, na Terra Santa. Lá construíram uma capela em
honra de Nossa Senhora. O local já era considerado sagrado desde tempos
imemoriais (cf. Is 33,9; 35,2; Mq 7,14) e se tornara célebre pelas ações
do profeta Elias (1 Rs 18). A palavra “carmelo” quer dizer jardim ou
pomar. Nasciam ali os carmelitas, ou a Ordem dos Irmãos da
Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo.
Tempos depois, expulsos dos Monte Carmelo pelos muçulmanos, os
carmelitas se mudaram para a Europa, onde passaram por grandes
dificuldades. Os frades carmelitas encontravam forte resistência de
outras ordens religiosas para a sua inserção. Eram hostilizados e até
satirizados por sua maneira de se vestir.
O superior geral da ordem era São Simão Stock, homem de fé e grande
devoto de Nossa Senhora. No dia 16 de julho de 1251, quando rezava em
seu convento de Cambridge, na Inglaterra, São Simão pediu a Nossa
Senhora um sinal de sua proteção que fosse visível também para os seus
adversários. Teve então a visão em que Nossa Senhora lhe entrega o
escapulário, com a promessa:
“Recebe, filho amado, este escapulário. Todo o que com ele
morrer, não padecerá a perdição no fogo eterno. Ele é sinal de salvação,
defesa nos perigos, aliança de paz e pacto sempiterno”.
O escapulário era o avental usado pelos monges durante o trabalho
para não sujar a túnica. Colocado sobre as escápulas (ombros), é uma
peça do hábito que ainda hoje todo carmelita usa. Estabeleceu-se também o
escapulário reduzido para ser dado aos fiéis leigos, após a visão de
São Simão Stock. Dessa forma, quem o usasse poderia participar da
espiritualidade do Carmelo e das grandes graças que a ele estão ligadas:
entre outras, o privilégio sabatino (veja logo abaixo).
Confirmação pelos papas
Em sua bula chamada “Sabatina”, o papa João XXII afirma que aqueles
que usarem o escapulário serão depressa libertados das penas do
purgatório no sábado que se seguir à sua morte. Esta graça ficou
conhecida como “privilégio sabatino”. As vantagens do privilégio
sabatino foram ainda confirmadas pela Sagrada Congregação das
Indulgências, em 14 de julho de 1908.
O papa Bento XIII, em 1726, estendeu a toda a Igreja a celebração da
festa de Nossa Senhora do Carmo, que a ordem já celebrava desde 1332, no
16 de julho de cada ano.
O papa Pio XII declarou, em 6 de agosto de 1950: “A devoção do
escapulário do Carmo fez descer sobre o mundo copiosa chuva de graças
espirituais e temporais”.
O papa Paulo VI também afirmou: “Para a Igreja, entre as formas de
devoção mariana, está o uso piedoso do Escapulário do Carmo, pela sua
simplicidade e adaptação a qualquer mentalidade”.
E São João Paulo II, que usava o escapulário desde a juventude,
escreveu: “O escapulário é sinal de aliança entre Maria e os fiéis.
Traduz concretamente a entrega, na cruz, de Maria ao discípulo João”
(cf. Jo 19, 25-27).
Compromissos
Quem se reveste deste sinal mariano deve adotar algumas atitudes fundamentais:
- Colocar Deus em primeiro lugar na sua vida e buscar sempre realizar a vontade d’Ele.
- Escutar a Palavra de Deus na Bíblia e praticá-la na vida.
- Buscar a comunhão com Deus por meio da oração, que é um diálogo íntimo que temos com Aquele que nos ama.
- Abrir-se ao sofrimento do próximo, solidarizando-se com ele em suas necessidades, procurando solucioná-las.
- Participar com frequência dos sacramentos da Igreja, da Eucaristia e da confissão, para poder aprofundar o mistério de Cristo em sua vida.
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