São João Paulo II falou aos jovens motivando-os à liberdade após anos vividos sob regime comunista totalitário.
Em 1991, a Polônia recebeu pela primeira vez a Jornada Mundial da
Juventude, na cidade de Czestochowa. São João Paulo II, que era polonês,
reuniu a juventude do mundo todo em seu país natal.
O tema daquela Jornada era este: “Haveis recebido um espírito de
filhos”, texto bíblico de Romanos 8, 15. João Paulo II, segundo ele
mesmo diz, desejou que esta afirmação “surpreendesse” aos jovens,
inspirando-os a uma experiência de filiação e, por consequência, de
santidade, de amor fraterno e de liberdade. Nesta ordem, o Pontífice
explicou aos jovens os reais efeitos do “ser filho de Deus”.
Ele destacou o papel do Espírito Santo como “verdadeiro protagonista
de nossa filiação divina”, gerando o homem para a vida nova nas águas do
batismo. E recordou as palavras “proféticas” do Concílio Vaticano II
que diz: “O Espírito de Deus, que com admirável providência, orienta o
decorrer do tempo e renova a face da terra, não é indiferente à
evolução”.
“O mundo que, às portas do ano 2000, está buscando ansiosamente os
caminhos para uma convivência mais solidária, tem urgente necessidade de
poder contar com pessoas que, graças ao Espírito Santo, vivam com
verdadeiros filhos de Deus”, escreveu o Santo Padre, João Paulo II.
Em seguida, pontuou as heranças da filiação divina. A primeira delas é
a santidade. O Papa recordou o que disse aos jovens em Santiago de
Compostela: “Não tenham medo de ser santos. Voem alto, estejam entre
aqueles que olham metas dignas dos filhos de Deus. Glorifiquem a Deus
com vossas vidas!”.
A segunda herança apontada pelo Papa é o amor fraterno. “Não é disso
que o mundo de hoje necessita?”, pergunta na mensagem. “Se adverte
fortemente, no interior das nações, um grande desejo de unidade que
rompa toda barreira de indiferença e ódio. E corresponde em particular a
vocês, jovens, a grande tarefa de construir uma sociedade mais justa e
solidária”.
Por fim, o Papa disse que a prerrogativa dos filhos de Deus é a
liberdade. Mas, “quantas formas de liberdade conduzem à escravidão!”,
afirmou o Pontífice, destacando que Jesus Cristo é Aquele que traz a
liberdade ao homem, baseada na verdade.
Como dito, 1991 foi marcado pelo início de um novo tempo, sem a
influência do comunismo no Leste Europeu. A Igreja e os próprios
poloneses consideram que São João Paulo II foi peça chave para o
desmoronamento instantâneo do comunismo no Velho Continente. Segundo “O
livro negro do comunismo” (Stephan Courtois, Ed. Bertrand Roussel,
2005), 100 milhões de pessoas morreram na Rússia, China, Hungria,
Tchecoslováquia, Iugoslávia, Romênia, Bulgária, Polônia, Cuba, Vietnam,
Laos, Cambodja, etc, vítimas deste flagelo.
Nesse contexto, João Paulo II falou aos jovens sobre a importância da
liberdade exterior. “É importante e necessária a liberdade exterior,
garantida por leis civis justas, e por isso com razão, nos alegramos de
que hoje aumente o número dos países onde se respeitam os direitos
fundamentais da pessoa humana, embora às vezes o preço dessa liberdade
tenha custado grandes sacrifícios e incluindo sangue”.
Por outro lado, disse o Pontífice, a liberdade exterior – apesar de
tão preciosa – por si só não basta. “Em suas raízes deve estar sempre a
liberdade interior, própria dos filhos de Deus que vivem segundo o
Espírito, guiados por uma reta consciência moral, capazes de escolher o
bem verdadeiro. ‘Onde está o Espírito do Senhor, ali está a liberdade’
(2 Cor 3,17). É este, queridos jovens, o único caminho para construir
uma humanidade madura e digna deste nome”.
Cerca de 1,5 milhão de pessoas participaram da Jornada no santuário
mariano da cidade polonesa de Czestochowa. Depois da queda da “cortina
de ferro”, essa foi a primeira ocasião em que os jovens do Leste Europeu
puderam participar sem problemas do evento.
“O Velho Continente aposta em vós, jovens da Europa Oriental e
Ocidental, para construir esta ‘casa comum’ que deve contribuir para um
futuro de solidariedade e de paz. (…) Para a prosperidade das gerações
vindouras, é preciso que a nova Europa se baseie no fundamento dos
valores espirituais que constituem o núcleo mais íntimo de sua tradição
cultural”, disse-lhes o Papa João Paulo II.
Fonte: noticias.cancaonova.com
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