30 de março de 2016

A Cruz e a Misericórdia





“As Misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; A Misericórdia do Senhor se renova a cada manhã; grande é a sua fidelidade. A minha porção é o Senhor, diz a minha alma; portanto esperarei N'Ele.” (Lamentações 3, 22-24)

O que seria de nós se não fosse a Infinita Misericórdia do Senhor? Estaríamos perdidos! Porque se a Bíblia que o mais justo peca sete vezes, indicando um número simbólico que representa infinidade, imagine os que não são tão justos... Por isso, é a Misericórdia de Jesus a causa de não perecermos. A Misericórdia de Jesus não pode ser entendida como uma devoção a parte, algo separado da Cruz, não, pois estaríamos blefando, e cometendo o maior erro de nossas vidas, pois, a Misericórdia de Jesus é antes de tudo o Seu Sacrifício de Amor na Cruz, quando entregou-se para a morte por amor a todos os homens, bons ou maus, justos e injustos, fortes ou fracos. O sacrifício de Jesus na Cruz remiu todos os homens, Jesus pagou por todos nós uma dívida que antes nos submetia ao inferno. Por Suas Chagas fomos curados, pesou sobre Ele o castigo que nos trouxe a Paz.

“Era desprezado, era a escória da humanidade, homem das dores, experimentado nos sofrimentos; como aqueles, diante dos quais se cobre o rosto, era amaldiçoado e não fazíamos caso dele. Em verdade, ele tomou sobre si nossas enfermidades, e carregou os nossos sofrimentos: e nós o reputávamos como um castigado, ferido por Deus e humilhado. Mas ele foi castigado por nossos crimes, e esmagado por nossas iniqüidades; o castigo que nos salva pesou sobre ele; fomos curados graças às suas chagas. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, seguíamos cada qual nosso caminho; o Senhor fazia recair sobre ele o castigo das faltas de todos nós. Foi maltratado e resignou-se; não abriu a boca, como um cordeiro que se conduz ao matadouro, e uma ovelha muda nas mãos do tosquiador. (Isaías 53, 3-8).

Essa é a Misericórdia do Pai... O amor de Jesus na Cruz, amor esse que nos salvou! Não podemos entender a Misericórdia separada da Cruz; quando celebramos e festejamos a Misericórdia de Jesus, oito dias depois da celebração da Ressurreição, estamos louvando pelo Sacrifício de Jesus na Cruz: A nossa Salvação! A escolha do primeiro Domingo depois da Páscoa para celebrar a Misericórdia tem um profundo sentindo Teológico ao confirmar a estreita união que existe entre o mistério Páscal da Redenção e o mistério da Misericórdia de Deus. O sentido é tão estreito que para mim não há distância, pois a Misericórdia é uma contínua expressão do amor de Jesus Crucificado. Foi isso que Jesus disse nas aparições à Santa Faustina: “Nesse dia, estão abertas as entranhas da minha Misericórdia; derramo todo um mar de Graças sobre as almas que se aproximam da minha Misericórdia.” (Diário S. Faustina 699). O Lado aberto de Jesus lá na Cruz continua a derramar a Misericórdia sobre os homens e mulheres que O buscam; que se aproximam da fonte, ou seja, que se aproximam dos pés da Cruz de Jesus. É da Cruz que jorra a Água da Misericórdia e o Sangue da Redenção. Como Aquele soldado que se converteu ao ser molhado pelos líquidos santos que jorraram do coração de Jesus, após ele mesmo o ferir com a lança... Sim, somos nós como aquele soldado, São Dimas, que mesmo ferindo Jesus com nossos pecados, mas por estarmos aos pés da Cruz, somos alcançados pelos raios e pela Água que jorra do Coração de Jesus. Achei lindo quando li que Santa Faustina disse: “Essa festa não é apenas um dia, mas um Tempo de Graça!” Confirmando que nosso Carisma é de Misericórdia, de compaixão. Nosso Carisma também é amar!


Jorge Gomes de Azevedo - Fundador da Comunidade Kairós

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